domingo, 23 de maio de 2010

Hermits United

sábado, 22 de maio de 2010

Guts – Chuck Palahniuk

Inspire.

Inspire o máximo de ar que conseguir. Essa estória deve durar aproximadamente o tempo que você consegue segurar sua respiração, e um pouco mais. Então escute o mais rápido que puder.

Um amigo meu aos 13 anos ouviu falar sobre “fio-terra”. Isso é quando alguém enfia um consolo na bunda. Estimule a próstata o suficiente, e os rumores dizem que você pode ter orgasmos explosivos sem usar as mãos. Nessa idade, esse amigo é um pequeno maníaco sexual. Ele está sempre buscando uma melhor forma de gozar. Ele sai para comprar uma cenoura e lubrificante. Para conduzir uma pesquisa particular. Ele então imagina como seria a cena no caixa do supermercado, a solitária cenoura e o lubrificante percorrendo pela esteira o caminho até o atendente no caixa. Todos os clientes esperando na fila, observando. Todos vendo a grande noite que ele preparou.

Então, esse amigo compra leite, ovos, açúcar e uma cenoura, todos os ingredientes para um bolo de cenoura. E vaselina.

Como se ele fosse para casa enfiar um bolo de cenoura no rabo.

Em casa, ele corta a ponta da cenoura com um alicate. Ele a lubrifica e desce seu traseiro por ela. Então, nada. Nenhum orgasmo. Nada acontece, exceto pela dor.

Então, esse garoto, a mãe dele grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para descer, naquele momento.

Ele remove a cenoura e coloca a coisa pegajosa e imunda no meio das roupas sujas debaixo da cama.

Depois do jantar, ele procura pela cenoura, e não está mais lá. Todas as suas roupas sujas, enquanto ele jantava, foram recolhidas por sua mãe para lavá-las. Não havia como ela não encontrar a cenoura, cuidadosamente esculpida com uma faca da cozinha, ainda lustrosa de lubrificante e fedorenta.

Esse amigo meu, ele espera por meses na surdina, esperando que seus pais o confrontem. E eles nunca fazem isso. Nunca. Mesmo agora que ele cresceu, aquela cenoura invisível aparece em toda ceia de Natal, em toda festa de aniversário. Em toda caça de ovos de páscoa com seus filhos, os netos de seus pais, aquela cenoura fantasma paira por sobre todos eles. Isso é algo vergonhoso demais para dar um nome.

As pessoas na França possuem uma expressão: “sagacidade de escadas.” Em francês: esprit de l’escalier. Representa aquele momento em que você encontra a resposta, mas é tarde demais. Digamos que você está numa festa e alguém o insulta. Você precisa dizer algo. Então sob pressão, com todos olhando, você diz algo estúpido. Mas no momento em que sai da festa….

Enquanto você desce as escadas, então – mágica. Você pensa na coisa mais perfeita que poderia ter dito. A réplica mais avassaladora.

Esse é o espírito da escada.

Elefantes na sala de estar

Sim, eu uso essa expressão, e muito, e como as vezes tenho que explicar o que significa, eu resolvi escrever um texto sobre o que são esses elefantes que nos seguem por aí.


"Elefantes na sala de estar" é nome dado à situações, por muitas vezes constrangedoras, onde os envolvidos tendem à ignorar algum acontecimento em particular na esperança de em algum momento tal assunto deixe de ser um "fardo", ou seja, as pessoas ignoram o "elefante" pra ver se ele vai embora. Basicamente se trata de ignorar um assunto até que todos esqueçam o mesmo.


O que as pessoas esqueçem é que, você pode esquecer do "elefante", mas o "elefante" não vai esquecer você. Na maioria das situações onde o "elefante" é apenas um filhote e não incomoda muito, o efeito de ignorá-lo o afasta por um grande periodo e o mesmo nunca mais retorna. Porém isso não é uma regra, em alguns casos eles voltam mais velhos, grandes, gordos e sem nenhuma vontade de ser ignorado.


Vamos ao exemplo pra ser mais fácil de entender:


Dois amigos esperando na porta do colégio, um deles vê uma mulher se aproximando, ele cutuca o amigo e diz:
- Cara, saca só essa "coroa" que gostosa!
O amigo olha com cara de bravo pra o que acabou de dizer isso e retruca em uma voz desaprovadora:
- Essa é a minha MÃE!


Essa é uma situação de pequeno "elefante", basta ignorar (e provavelmente pedir desculpas... ou não) que logo ele esquece, mas enquanto ele não esquecer o "elefantinho" vai aparecer toda vez que os envolvidos estiverem juntos.


O grande problema dos "elefantes" é que eles não se limitam à "sala de estar", eles são aquela tensão que você sente quando faz algo e todos que sabem estão conversando sobre e param de falar no mesmo instante em que você chega perto. A típica situação que acaba gerando outras situações que se complementam, o "policial de acidente" e o efeito "pingüins do filme madagascar".


Policial de acidente: Aquele policial que afasta os curiosos dizendo "- Não há nada para ver aqui! Circulando! Circulando"

 Pingüins do filme Madagascar: "Sorrie e acene, sorrie e acene"

Situações assim são comuns depois de você beber todas em uma festa ou bar e dar vexame, principalmente se o vexamente envolver você sem roupa. Particularmente eu tenho uma quantidade considerável de "elefantes" que me seguem aos mais diversos lugares, já aprendi à conviver com eles e a grande maioria não precisa ir ao terapeuta pois sempre estou em contato com eles, recentemente andei adicionando uns dois ou três à manada.

Situações constrangedoras sempre existirão, não importa o que você faça, o jeito que você lida com essas tais situações é que importam, elas fazem a diferença entre um surto de consciência pesada ou uma relaxante tarde tomando chá.

Bom fim de semana!

segunda-feira, 10 de maio de 2010